NAÇÃO ZUMBI NO CIRCO VOADOR


Como o grito de "anamauê" de Chico Science na música "Maracatu atômico", uma pergunta martela a cabeça dos fãs cariocas do Nação Zumbi desde que a banda anunciou a turnê de 15 anos do "Da lama ao caos": quando o grupo vem ao Rio tocar, de cabo a rabo, o disco que fundou o Mangue Beat? Pois o Rio é a próxima parada. Nesta sexta (06.11), a caranguejada sobe ao palco do Circo Voador e toca o álbum todo, desde "Monólogo ao pé do ouvido" até "Coco dub (afrociberdelia)".




Ouça 'Da lama ao caos', do Nação Zumbi



- O "Da lama ao caos" é nossa fundação, nosso primeiro chão. O disco ainda está fresco mesmo depois de tanto tempo e, daqui a outros 15 anos, vai continuar atual - opina Jorge Du Peixe, que assumiu os vocais após a morte de Chico, em 1997, e canta o álbum inteiro pela primeira vez nesta turnê. - Mas eu não tento imitá-lo. Aliás, o show não é o mesmo de 15 anos atrás. Tem mudanças.



O Rio é a quarta cidade a receber o show comemorativo, que rolou pela primeira vez no Festival de Garanhuns, Pernambuco, em julho. A festa passou ainda por São Paulo e Natal. Os convidados mudam (Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra, entre outros, já deram canja), mas Fred Zero Quatro é presença sempre certa. A noite começa com o "Da lama" e, no bis prolongado, Pupilo, Dengue, Toca, Gilmar, Da Lua, Lúcio Maia e Jorge tocam faixas de álbuns do Nação da fase pós-Chico, como "Fome de tudo" e "Bossa nostra".



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As pessoas só queriam saber de Rio e São Paulo. Mas o "Da lama ao caos" projetou a até então desconhecida cultura pernambucana. Foi um grito de Recife

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- A maneira como a gente toca o álbum reflete a evolução dos integrantes. E, hoje, a gente domina recursos de tecnologia que nem existiam. As pedaleiras de Lúcio (guitarra) e Dengue (baixo) estão poderosas, e vão rolar uns samplers novos... Estamos armados até os dentes - brinca Jorge. - Tem muito improviso também. O palco é um parque de diversões.



A própria voz de Du Peixe tem identidade própria, mesmo cantando um disco gravado pelo gogó de Science (na época, o atual vocalista era percussionista do grupo).



- Para mim, é muito importante levar adiante algo que todos construímos juntos - ressalta Jorge. - Antes de falecer, o próprio Chico já me incentivava a dividir os vocais com ele, para dar mais dinamismo aos shows, e porque ele também gostava de tocar percussão.



Já chamado de "Chega de saudade" dos anos 90, o "Da lama ao caos" é um dos discos mais importantes para o rock brasileiro. Com ele, Chico e sua trupe propuseram uma fusão entre música pop (rock, hip hop, dub...) e ritmos nacionais, como coco, ciranda, maracatu e samba. Foi uma revolução estética, que também pôs em relevo o manguezal de culturas de Recife.



- As pessoas só queriam saber de Rio e São Paulo. Mas o "Da lama ao caos" projetou a até então desconhecida cultura pernambucana. Foi um grito de Recife. Acho que o Brasil se ouve mais hoje e, em parte, o Mangue Beat é responsável por isso - comenta o vocalista do Nação Zumbi.



Mais notícias no site do Rio Show



Nação Zumbi @ Circo Voador. Show em comemoração dos 15 anos do disco "Da lama ao caos". Participação especial: Fred Zero Quatro. Sex (06.11), às 22h. Rua dos Arcos s/nº, Centro - 2533-0354. R$ 40 (antecipado) e R$ 50. Não recomendado para menores de 18 anos (12 a 17 anos somente acompanhado pelos pais)



Fonte: www.oglobo.globo.com/cultura/rioshow
Por William Helal Filho